
E pensar que você já havia me pedido pra fazer a coisa certa há tanto tempo...
Tudo tão claro o que deveríamos fazer. Não entendi.
Desculpe.
Hoje é dia de parênteses.
Um parêntese dos dias.
Uma lacuna em que me reservo ao não contato.
Ao não pronunciamento, eis meu direito.
Ao não falar sobre nada, em absoluto.
Não é discórdia, desavença, tristeza ou felicidade.
É o dia em que meus olhos vêm tudo à sua maneira e eu, por experiência, sei que é o dia em que estrago todas as coisas que toco.
Meu dia de Midas, que transforma em merda.
Hoje é meu dia de pause. Com o botão apertado, não toco em ninguém e evito um outro milênio de desacordos e indisposição.
Quando não se vai acrescentar, cala-se.
Só não me calei ainda, pois quero que saiba o que está acontecendo.
Só hoje, não tem a ver com nada.
Só hoje, ninguém tem culpa.
Só hoje e amanhã passa.
Só hoje e o resto é continuidade.
É uma trégua que me cedo, para não enlouquecer.
Um dia de fúria, de convulsão, de corrupção, de orgia, de luxúria, de gula, de amor, de pecado e redenção, de ego, de lixo existencial, de suicídio, de desperdício, de auto-estima de ostra, de televisão desligada, luz apagada, silêncio forçado, porta trancada, dinheiro rasgado, fotos no lixo, cabelo despenteado, domingo sem frio, tristeza do Jeca, dislexia verbo-sinaptico-comunicativa, desabafo, desacato,desalento, ultra-som, menstruação, hormônios, depressão, euforia, liberdade, submissão, contradições em pleonasmo, pulmões dilacerados, morte lenta e dolorosa, nascimento, exílio, remorso. Sem lágrimas.
Desculpe hoje é o meu dia.
Só hoje.
2 comentários:
faltou assinar... hehehe
Mas é isso mesmo.
Bom pra mim até reler... olhar no espelho sem pose de pavão.
Com estas palavras-partos: parto.
Nasci.
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